28 maio, 2009

Porque estou aqui: um cigarro e 5 minutos

Porque estou aqui: olhando um cenário que não compreendo.
Fundo branco, palavras perdidas, contacto visual com o prof, brincadeiras com os colegas.
Quero só voltar àquele cantinho meu. O cansaço já se faz notar.
Sábado?! Não. Futebol no sábado.
Descansar quero agora. Quero o café que me roubaram ontem. Quero ir à praia, de cigarro na mão, musica no ouvido.
Quero conhecer uma praia nova, uma que me traga um sorriso. Uma praia quente, com gente a passear, gente a fugir às suas rotinas. Pessoas de caneta, livro, musica na mão, na cabeça. Pessoas que dizem olá e boa tarde.
Olhares que nos cumprimentam, olhares que perguntam tanto.
Azuis, verdes, por vezes castanhos – olhos que vejo, às vezes os teus também têm todas estas cores; dependia do meu cansaço ao ver-te, dependia do teu cansaço ao olhar-me.
Hoje, vejo para além de uma cor, com estes meus olhos pretos: olhos de azeitona, diz o meu pai… (curioso, chamo-me oliveira).
O olhar que tanto diz, a boca que tanto fala, umas mãos brancas e quentes que tanto gosto.
Vejo alguém, um vulto negro, de cabeça baixa, caneta no bolso, livro na mão, musica no ouvido; pede-me um cigarro, e 5 minutos de conversa enquanto o fuma.
Sentamo-nos na areia fria, não sabemos o que dizer.
Ele começou por agradecer, olhou para mim e vislumbrou o mar com um sorriso. Gosto dos teus olhos – disse ele.
Mostrei um sorriso, aquele que mantenho agora, corei, agradeci e disse que me cativou aquele vulto que vi lá no fundo, o seu vulto, mistério.
Ficamos calados. Ele olhou novamente para mim. Apenas sorriu. Agradeceu os 5 minutos. Pediu mais 5.
Sorri. Não disse que gostava dos seus olhos negros como os meus, que mais tarde reparei que brilhavam; disse-lhe que gostava do seu olhar, da forma como me abordara, que tinha gostado de todos aqueles 5 minutos.
Perdemos a conta aos 5 minutos passados na conversa, entre olhares, cigarros, palavras escritas na areia e nas linhas do seu caderno.
Preto era a cor das nossas camisolas. Sapatilha e calça de ganga.
Disse-me ao ouvido que tinha ido até àquela praia porque se sentia sozinho, ao ver-me não se sentiu mais.
Mostrou-me umas linhas que escrevera no dia anterior, naquela mesma praia, dizia ansiar conhecer o amor, dizia ter saudade de alguém que não sabia quem era, que iria fazer seu coração tremer, o olhar brilhar, substituir as palavras por um sorriso.
Serei eu tudo isso?! Será ele tudo isto?!
Vejo um sorriso…
Sorrio eu também.
Um suspiro ouve-se… É o nosso… Ao mesmo tempo…
O último cigarro, o numero trocado…
Não conseguimos evitar, depois de tanta cumplicidade, olhamo-nos sorrindo, o beijo.
O beijo da despedida deste mesmo dia, o beijo de um olá para os que se seguem…

Irei sonhar contigo…
De olhos fechados ou abertos…
Um beijo…
Eu… Eliana…

(14.Dez.2007)

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