31 julho, 2009

Fazes – me falta

Gostava de ainda poder ter conversas contigo.
Aprender como aprendi, rir e sonhar um dia ser como tu.
Nunca conheci ninguém como tu. Fazes-me falta nos dias que te lembro.
Lembro-me de passeio na praia, fazer-te dormir a meu lado.
Tudo parecia tão simples. Gostava de voltar a ter 10 anos.
Voltar aos anos em que era ainda mais ingénua.
Aos anos em que a família era o mais importante.
Voltava e não te largava, dizia à minha mãe, o “Gosto de ti” que ela tanto gostava de ouvir; moldava o temperamento quase militar do meu velho (diga-se já que somos parecidos), mudava-me e mudava objectivos.
Não te deixava sozinha um segundo, fazia com que sozinha nunca te sentisses (na cama de casa, na cama do hospital), queria ter percebido que te ia perder, queria ter sido adulta aos 12 anos, queria trocar contigo, queria ter-te dado a mão quando…

Não lembro quando te disse que gostava de ti, não lembro de te ter abraçado e de ter dormido no teu colo no sofá em frente à televisão. Queria lembrar e poder voltar a fazê-lo.

Lembras do dia em que queria dormir contigo, e não deixaram? Não me importei. Desde que fosse a primeira a dar-te um beijinho de bom dia

Assim foi, mas… estavas diferente. Nua de cabelo.
Que estava a acontecer-te?!
Já não te ouvia rir, já não me fazias camisolas de lã, nem cachecóis… já não dormia no teu colo.
Alias, já não te via fora das paredes desse hospital que nunca mais visitei.
Talvez um dia lá vá… por mim ou por outro alguém.

Gostava de lembrar do teu cheiro, gostava de lembrar que gostavas de mim, gostava de ver o teu rosto quando me olhavas.
Gostava de te dizer: Gosto muito de ti.

Tenho tantas saudades de tudo o que vivi, do que faltou viver contigo.
Com quem posso eu agora partilhar conversas como as nossas, brincadeiras como as nossas?

Eu vou ganhar coragem ara te visitar e deixar-te uma rosa vermelha, como sinal de todo o amor que me fizeste sentir, por todo o amor que deixaste em mim.

Gostava que em todo o Abril não existisse um dia 19.
Eu vou comprar a rosa, Avó.
Tenho saudades tuas, Vó.

Um beijinho com lágrima.
Espero que me dês a mão, quando o momento for o certo.
A tua neta, Liana.

Fazes-me falta.
{21 de Julho de 2009}
{Eliana Oliveira} {Noites em branco}

3 comentários:

  1. eu sou apologista daquelas teorias de que onde quer que eles estejam eles sabem o quanto nós o amamos..
    beijinho

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  2. lindo... Eu sei o k sentes... Sinto isso e muito mais, algo que não dá para explicar! Mas eu sinto que elas nos vêm, nos apoiam, nos ajudam e nos aconselham...
    Beijinhoss miuda

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